Esse vídeo, é uma homenagem feita pelo "Studio Viva" sobre o centenário de Luiz Gonzaga, e que contou com a importante participação de Waldonys que é afilhado de Luiz e que considera o rei do Baião o seu mestre, já que o acompanha desde sua infância.
"Foi o primeiro grande mestre assim, que eu e já me apaixonei de cara pela sua obra, pela sua música... A gente perto do seu Luiz Gonzaga 'tava' sempre aprendendo, ele foi assim pra mim como uma grande universidade da vida, da música, de tudo!"
A música “Aroeira” de Luiz Gonzaga começa fazendo referência a uma
árvore, que é típica da nossa região, que é exatamente a chamada “Aroeira-do-Sertão”
que se pode perceber em trechos como: “Passei um dia pela
sombra da aroeira, mas
que árvore traiçoeira, veja em que eu fui me meter...”. Logo mais a frente ele fala que a árvore causa
uma grande coceira, como se percebe nos versos: “Fiquei dez
dias numa baita comichão. Corpo
emzambuado desde o imbigo até o dedão...”; Mas, na verdade, quando ele citou essa planta,
ele pretendia somente fazer uma comparação com o amor de sua amada, que se
percebe quando ele diz: “Pois teu amor comicha mais que aroeira...”. Então a partir daí ele começa a falar sobre o amor
deles, e que ela meche muito com ele, mas assim mesmo, ele pretende se casar
com ela, como se percebe nos versos: “Quando der jeito a gente ajeita um
ranchinho. E junta o padre com os padrinhos sai da igreja e vai pra lá...”
Luiz também faz o uso de expressões da região Nordeste, como: “baita”, “imbigo”,
“coçemu”, entre outros. Já que em suas músicas sempre está explícito
características e expressões nordestinas.
A música fala da Seca no Nordeste brasileiro, que por ser muito intensa,
obriga o seu povo a migrar, assim como as aves também, a exemplo da asa branca
que é um tipo de um pombo que quando bate asa do sertão anuncia à seca.
Na música Asa Branca, Luiz Gonzaga faz uso da linguagem regional, como
"oiei", "prantação", "farta d'água",
"inté", "intonce". Também retrata um pouco dos
costumes nordestinos, "Qual fogueira de São João", onde mostra a
tradição das pessoas de acender fogueira nos festejos juninos. Relata um
problema marcante da região, a seca, onde a população da zona rural sofre com a
falta de água, o que ocasiona a sede, morte de animais e a necessidade dos
moradores se deslocarem para zona urbana para melhores condições de vida, que
podemos perceber no trecho: "'Intonce' eu disse, adeus Rosinha, guarda
contigo meu coração."
Quando "oiei" a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia Nem um pé de "prantação" Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio" Se "espaiar" na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração
A Volta da Asa Branca:
Já faz três noites Que pro norte relampeia A asa branca Ouvindo o ronco do trovão Já bateu asas E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da prantação A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrou De mandar chuva Pr'esse sertão sofredor Sertão das muié séria Dos homes trabaiador Rios correndo As cachoeira tão zoando Terra moiada Mato verde, que riqueza E a asa branca Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza Sentindo a chuva Eu me arrescordo de Rosinha A linda flor Do meu sertão pernambucano E se a safra Não atrapaiá meus pranos Que que há, o seu vigário Vou casar no fim do ano.
Aroeira:
Passei um dia pela sombra da aroeira Mas que árvore traiçoeira, veja em que eu fui me meter Fiquei dez dias numa baita comichão Corpo emzambuado desde o imbigo até o dedão
Desde esse dia, nunca mais entrei no mato Prefiro carrapato a ter de novo a coçação
Desde esse dia, nunca mais entrei no mato Prefiro carrapato a ter de novo a coçação
Pois teu amor comicha mais que aroeira Vou fazer uma benzedura pra ele não me comichar Faço uma cruz com três raminhos de alecrim E antes que chegue no tempo, teu amor não coça em mim
Coça que coça, coça, coça, comichão Vai coçar pra outras banda e deixa em paz meu coração
Coça que coça, coça, coça, comichão Vai coçar pra outras banda e deixa em paz meu coração
Nós semos moço, temos a vida pela frente Não faz mal que se a gente perde um pouco a esperar Quando der jeito a gente ajeita um ranchinho E junta o padre com os padrinhos sai da igreja e vai pra lá
E eu te coço, e tu me coça, e se coçemu Eu grito: num se assustemo, General Onório Lemu E eu te coço, e tu me coça, e se coçemu Eu grito: num se assustemo, General Onório Lemu
Os
estados que compõem a região Nordeste são: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Esse complexo
regional apresenta grande diversidade cultural, composta por manifestações
diversificadas. Portanto, serão abordados alguns dos vários elementos culturais
da região em destaque:
O Carnaval
Reisado
O carnaval é o evento popular mais famoso do
Nordeste, especialmente em Salvador, Olinda e Recife. Milhares deturistassão atraídos para o
carnaval nordestino, que se caracteriza pela riqueza musical e alegria dos
foliões. O
maracatu é originário de Recife, capital de Pernambuco, surgiu durante as
procissões em louvor a Nossa Senhora do Rosário dos Negros, que batiam o xangô,
(candomblé) o ano inteiro. O maracatu é um cortejo simples, inicialmente tinha
um cunho altamente religioso, hoje é umamisturade música primitiva e
teatro. O Reisado, ou Folia de Reis, é uma manifestação cultural introduzida no
Brasil colonial, trazida pelos colonizadores portugueses. É um espetáculo
popular das festas de natal e reis, cujo palco é a praça pública, a rua. As
festas juninas representam um dos elementos culturais do povo nordestino. Essa
festa é composta por música caipira, apresentações de quadrilhas, comidas e
bebidas típicas, além de muita alegria. Consiste numa homenagem a três santos
católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro. As principias festas juninas da
região Nordeste ocorrem em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). Bumba meu boi é
um festejo que apresenta um pequeno drama. O dono do boi, um homem branco,
presencia um homem negro roubando o seu animal para alimentar a esposa grávida
que estava com vontade de comer língua de boi. Matam o boi, mas depois é
preciso ressuscitá-lo. O frevo surgiu através da capoeira, pois o capoeirista
sai dançando o frevo à frente dos cordões, das bandas de música. É uma criação
de compositores de música ligeira, especialmente para o carnaval. Com o passar
do tempo, o estilo ganhou um gingado composto por passos soltos e acrobáticos.
A festa de Iemanjá é um agradecimento à Rainha do Mar. A maior festa de Iemanjá
ocorre na Bahia, no Rio Vermelho, dia 2 de fevereiro. Todas as pessoas que têm
“obrigação” com a Rainha do Mar se dirigem para a praia. O Candomblé consiste
num culto dos orixás que representam as forças que controlam a natureza e seus
fenômenos, como a água, o vento, as florestas, os raios, etc. É de origem
africana e foi introduzido no país pelos escravos negros, na época do Brasil
colonial.
Literatura de Cordel
A
Literatura de Cordel é uma das principais manifestações culturais nordestinas,
consiste na elaboração de pequenos livros contendo histórias escritas em prosa
ou verso, sobre os mais variados assuntos:desafios,
histórias ligadas à religião, política, ritos ou cerimônias. É o estilo
literário com o maior número de exemplares no mundo. Para os nordestinos, a
Literatura de Cordel representa a expressão dos costumes regionais.
A culinária
nordestina foi formada através da influência das culinárias portuguesa,
indígena e africana. A mistura de sabores e temperos foi sendo, aos poucos,
sendo formado durante o período colonial.
• Os pratos da
culinária da região Nordeste caracterizam-se pela presença marcante de temperos
fortes e apimentados.
• Carne seca (carne de
sol ou jabá), peixes e frutos do mar são presenças marcantes quase obrigatórias
na culinária do Nordeste.
• Os pratos típicos da
culinária nordestina são: moqueca, vatapá, buchada de bode, acarajé, sarapatel
e sururu.
Um dos pratos típicos da região Nordeste: a Canjica
• No café da manhã é
comuns a presença da tapioca (feita com farinha de mandioca) e o cuscuz (feito
com farinha de milho e leite).
• Como no Nordeste é
grande a produção de cana-de-açúcar, o melado é muito usado na elaboração de
pratos doces. A rapadura também é muito consumida na região.
• As frutas tropicais
(manga, caju, abacaxi, acerola, etc) são muito usadas na produção de doces
(compotas) e também consumidas in natura.
• A canjica, que no
Nordeste é feita com milho, é uma espécie de pudim, também muito consumida como
sobremesa.
Uma
das principais coisas que chamam atenção na cultura nordestina são as músicas e
as danças contidas nela. Quando falamos em nordeste, lembramos logo de xote, xaxado
e baião, que caracterizam bastante a cultura nordestina.
Dançarinos do Baião
O
baião associa os termos "baiano" e "rojão", pequenos
trechos musicais executados por viola, no intervalo dos desafios entre os
cantadores de improviso. Mas o gênero consagrou-se e ganhou novas
características quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga popularizou-o
através do rádio em todo o Brasil. É este o ritmo que predomina hoje nos forrós.
O xote é um ritmo
mais lento, para se dançar a dois, de origem alemã, mas que se radicou no
Nordeste e mistura os passos de valsa e de polca. É uma dança muito versátil e
pode ser encontrada, com variações rítmicas. Diversos outros ritmos possuem uma
marcação semelhante, podendo ser usados para dançar o xote, que tem incorporado
também diversos passos de dança e elementos da música latino-americana, como,
por exemplo, alguns passos de salsa, de rumba e mambo.
Dançarinos do Xaxado
Quanto ao xaxado,
originalmente, era uma dança exclusivamente masculina, executada pelos
cangaceiros, sem acompanhamento instrumental, com o ritmo marcado pela coronha
dos rifles, batidos no chão. O nome xaxado deve ser uma onomatopéia do xá-xá-xá
que faziam as alpercatas de couro ao se arrastarem no chão. A dança, difundida
por Lampião e seu bando, dispensava a presença feminina. Segundo Luiz Gonzaga,
"nessa dança, a dama é o rifle". As roupas eram sempre em tons
marrons e cáqui, de couro para que se protegessem dos espinhos da caatinga do
sertão e sempre acompanhadas do rifle e da alpercata do mesmo material. E até
hoje esses ritmos fazem parte da nossa cultura nordestina.
Luiz Gonzaga do Nascimento era
filho de Januário José Santos, um lavrador e sanfoneiro; e de Ana Batista de
Deus, agricultora e dona de casa. Desde criança se interessou pela sanfona do
pai, a quem ajudava tocando zabumba e cantando em festas, feiras e forrós.
Saiu de casa em 1930 para
servir ao exército, mas sua fama de sanfoneiro já era conhecida. Viajou pelo
Brasil e de vez em quando se apresentava em festas tocando sanfona. Quando foi
em 1939 foi morar no Rio de Janeiro com sua primeira sanfona nova.
Passou a tocar nos cabarés,
bares e até mesmo nas ruas recolhendo dinheiro com o chapéu. Começou a participar
de programas de calouro, inicialmente sem êxitos, até que, no programa de Ari Barroso,
tocou sua música (Vira e mexe) que ficou em 1° lugar. A partir de então,
começou a participar de vários programas inclusive gravando discos, como
sanfoneiro para outros artistas. Até que em 1941 passou a gravar como solista.
Continuou
fazendo programas em rádio, como “Rádio Clube do Brasil” e na “Rádio Tamoio”.
Em 1946 começou uma parceria com Miguel Lima que colocou letra em ''Vira e
mexe'', transformando-a em “Chamego” que faz bastante sucesso.Nessa época também, ele recebeu o apelido “Lua” do seu
amigo Paulo Gracindo.
Luiz Gonzaga no programa J. Silvestre
Sua parceria com Miguel Lima
decolou e várias músicas fizeram sucesso, como: "Dança Mariquinha" e
"Cortando Pano", "Penerô Xerém" e "Dezessete e
Setecentos", agora gravadas pelo sanfoneiro e, também cantor, Luiz Lua
Gonzaga. No mesmo ano, tornou-se parceiro do cearense Humberto Teixeira, com
quem sedimentou o ritmo do baião, com músicas que tematizavam a cultura e os costumes
nordestinos. Seus sucessos eram quase anuais: "Baião" e "Meu Pé
de Serra" (1946), "Asa Branca" (1947), "Juazeiro" e
"Mangaratiba" (1948) e "Paraíba" e "Baião de
Dois" (1950).
Em 1945, assumiu a paternidade de Gonzaguinha, seu filho com a cantora e
dançarina Odaléia. E, em 1948, casou-se com Helena das Neves. Dois anos depois,
conheceu Zé Dantas, seu novo parceiro, pois Teixeira cumpria mandato de
deputado estadual, afastando-se da música. Já em 1950, fizeram sucesso com
"Cintura Fina" e "A Volta da Asa Branca". Nessa década, a
música nordestina viveu sua fase áurea e Luiz Gonzaga virou o Rei do Baião.
Luiz Gonzaga com seu filho Gonzaguinha
Outros ritmos, como a
bossa-nova, subiram ao palco, e o Rei do Baião voltou a fazer shows pelo
interior, sem perder a popularidade. Zé Dantas faleceu em 1962 e o rei fez
parcerias com Hervê Cordovil, João Silva e outros. "Triste Partida"
(1964), de Patativa do Assaré, foi também um grande sucesso. Geraldo Vandré,
Gilberto Gil e Caetano Veloso começaram a regravar as músicas de Luiz e sempre o
citavam como uma das suas influências. Durante os anos 70, fez shows no Teatro
Municipal, de São Paulo e no Tereza Raquel, do Rio de Janeiro.
Nos anos 80, sua carreira tomou
novo impulso. Gravou com Raimundo Fagner, Dominguinhos, Elba Ramalho, Milton Nascimento
etc. Sua dupla com Gonzaguinha deu certo. Fizeram shows por todo o país com
"A Vida de Viajante", passando a ser chamado de Gonzagão. Em 84,
recebeu o primeiro disco de ouro com "Danado de Bom". Por esta época
apresentou-se duas vezes na Europa; e começaram a surgir os livros sobre o
homem simples e, por vezes, até ingênuo, que gravou 56 discos e compôs mais de
500 canções. O grande rei do baião “Luiz Gonzaga”, morreu em Recife (PE), em 2
de agosto de 1989.
Esse vídeo, é uma animação que foi criada como
homenagem aos 100 anos de Luiz Gonzaga. E que
mostra uma boa parte da sua história, e dos seus méritos.